terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Causas



(Imagens da Globo, Bandeirantes e do amigo Amarildo Sinigali)
Toda simplificação pode ser simples demais, toda unanimidade tende a ser burra, assim como toda generalização, esta inclusive.
É fato que os desmatamentos causam alterações climáticas, mas generalizar e considerar que toda alteração do clima seja devido ao desmatamento é uma simplificação falsa.
É sabido que o ar não se aquece pela passagem da luz solar através da atmosfera, mas sim em contato com algo mais denso.
O solo não protegido pela floresta, o cimento dos prédios, o asfalto e as rochas expostas absorvem o calor do sol e se aquecem, estes aquecem o ar. O ar quente é mais leve e sobe levando vapor d’água, empurrando para cima as nuvens mais leves. Somente as nuvens de chuva muito mais pesadas podem vencer a corrente ascendente de ar quente, resultando em chuvas muito mais fortes e muito mais intensas. Todo o processo de aquecimento global leva a isto: chuvas mais concentradas.
A região serrana do Rio de Janeiro (Teresópolis, Friburgo, ...) sofre influência do ar que vem do mar, vento leste-oeste, carregado de umidade e aquecido ao passar pela grande massa de concreto e asfalto formada pela área metropolitana da cidade do Rio. Ao subir a serra o ar se resfria, o vapor d’água tende a condensar e formar chuva. Por isso temos a exuberante floresta úmida típica da serra.
Mas, como vimos antes, só as nuvens muito mais pesadas vencem o vento quente de baixo para cima. Só as chuvas mais fortes de fato acontecem.
Na região serrana do Rio os deslizamentos de terra nas encostas dos morros nem sempre aconteceram em áreas desmatadas, as imagens acima mostram claramente deslizamentos se iniciando em áreas florestadas, algumas ocupadas por matas nativas ou primárias.
O desastre, a tragédia, a destruição de milhares de casas, a morte de mais de 800 pessoas e o desaparecimento de outras 400 ou 500, não tem causa única, não pode ser simplificado, é resultado da soma de causas diversas.
O desmatamento a 3.000 km de distância no Brasil-Central, a concentração do concreto/asfalto do Rio, a queima de combustíveis fósseis em todo o mundo, a ocupação dos fundos dos vales, a especulação imobiliária, a falta de fiscalização dos governos, a ocupação das encostas, as construções mal planejadas e mal executadas, o aquecimento global, a total inexistência neste país de defesa civil preventiva, a total falta de estrutura de socorro e de combate a emergências, a ignorância do povo simples que é obrigado a morar em terrenos mais baratos, a prepotência do povo rico que pensa que o poder basta para impedir os tais desastres naturais, a desonestidade intrínseca dos políticos brasileiros, ...
Tudo isto junto a outras causas não listadas talvez possam explicar a tragédia da região serrana do Rio em janeiro de 2011.
E aí sim, quem sabe um dia, sabedores das causas, tais desastres possam ser evitados ou pelo menos minorados.

Um comentário:

Orlando Lisboa de Almeida disse...

Pois é, colega. Temos que repensar nossas atitudes, ter um olhar mais abrangente para o nosso meio, conhecer um pouco mais do passado, entender o presente e agir de forma a não comprometer nosso futuro. O consumismo e imediatismo está contribuindo para complicar tudo. Hora de repensar e agir. Abraço do colega Orlando