quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ministérios e Matemática

Que a Dona Dilma é inoperante na administração de recursos humanos parece não haver dúvida. Com relação aos ministros isto é mais que evidente, todos os seis afastados em 2011 (Palocci, Nascimento, Jobim, Rossi, Novais e Silva) não foram escolhas dela. De quem seria? Do Lulababá talvez.
Nenhum deles foi afastado por decisão explícita dela, a maioria o foi por pressão da imprensa (santa imprensa livre) ou para evitar desgaste político.
O que será desgaste político para esta gente que só pensa em se dar bem às custas do dinheiro público?
Havia uma clara tendência de demissões, inicialmente a cada 29 dias, acelerou para 13, voltou aos 28 e agora demorou 42 dias para nova queda. Fazendo uma simples inferência estatística polinomial e imaginando uma visão prospectiva ou futura podemos supor que por volta do dia 22.01.2012 outro ministro será afastado. Por suspeita de “mal feitos”, para evitar “desgaste político” ou por algum outro nebuloso motivo.
Maravilhas da matemática. Já sabemos a data. Falta saber quem será o próximo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Termoelétrica em Canas



Vários moradores do Vale do Paraíba estão preocupados com a instalação de uma grande termoelétrica movida a gás natural em Canas (SP). O gás natural é um combustível fóssil, portanto não renovável, não sustentável e poluente.
Em maio/11 escrevi um texto, encaminhando à Cetesb, contrário à esta instalação, nele destaquei a baixa velocidade média dos ventos, sem vento não há dispersão de poluentes. Alertei para a enorme emissão de 1.777.402 t/ano de equivalente em CO2, e sugeri o plantio de 12 milhões de árvores por ano ou 7.000 ha de eucalipto, isto apenas para absorver o CO2 e repor à atmosfera as qualidades perdidas. Alertei para a não desprezível quantidade de poeiras (MP) emitidas e comparei com as quantidades normais das adubações químicas das lavouras. Reclamei da devolução da água usada para um pequeno ribeirão, o Canas, fato que não seria aceito em estados como RS, PR ou RJ, onde a lei não permite, procedimento que SP aceita.
Sobre leis lembro que em 2006 a OMS – Organização Mundial de Saúde alterou seus padrões de qualidade do ar, tornando-os muito mais restritivos, dentro dos quais todas grandes cidades brasileiras não se enquadrariam. Mas só em 2011 o CONSEMA-SP – Conselho Estadual de Meio Ambiente aprovou a revisão dos padrões de qualidade do ar em SP, mesmo assim com prazo de transição ainda indefinido. O mesmo CONSEMA-SP entende que “A matriz de energia do Estado deve priorizar o uso de fontes alternativas renováveis que contribuam também, temporal e/ou espacialmente, para a redução das emissões dos poluentes atmosféricos regulamentados.”
Ou seja, desde maio venho divulgando minhas justificativas contrárias à termoelétrica e tentando mostrar que as leis brasileiras são permissíveis.
Recentemente o presidente da Petrobrás declarou que todas suas decisões eram também políticas, daí meu temor de que as decisões dos órgãos ambientais responsáveis pela liberação da termoelétrica também serem de alguma forma decisões políticas.
Por isto meu empenho em discutir e tentar influir na decisão final.
Mais recentemente tomei conhecimento de estudos climáticos do Vale do Paraíba onde a comprovação do alto índice de calmarias (não vento) me assustou frente à possibilidade de novas fontes de poluição. Destaco: o principal fator da dispersão das emissões atmosféricas é a velocidade do vento.
No início desta nota mostro uma foto minha de 14.08.2011 de cima das Agulhas Negras, vendo as Prateleiras, a poluição atmosférica parada sobre o Vale do Paraíba, acima das Prateleiras, e a Serra da Bocaina ao fundo. A aparência é de uma estufa de plástico sobre o Vale. Sem dispersão, antes da termoelétrica.
Quem não acreditar na precaução, no bom senso e na ciência que acredite na força da imagem.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Termoelétrica e a água

A empresa AES projeta a instalação de uma usina termoelétrica a gás natural em Canas. O combustível virá do gasoduto próximo e a água para refrigeração virá do Rio Paraíba, sendo devolvida após o uso ao Ribeirão Canas.

Algumas leis de alguns estados obrigam a devolução das “águas industriais” ao mesmo corpo hídrico em um ponto acima do local de captação, ou seja, a montante. Entre outros:
  • O estado do Rio Grande do Sul que tem no artigo 8 da Resolução Consema 128/2006 a seguinte redação: “O ponto de lançamento de efluentes industriais em corpos hídricos receptores será obrigatoriamente situado à montante do ponto de captação de água do mesmo corpo hídrico receptor utilizado pelo usuário, ressalvados os casos de impossibilidade técnica, que devem ser avaliadas pelo órgão ambiental competente.”
  • O estado do Rio de Janeiro que tem no parágrafo 2º do artigo 22 da Lei 3239/1999 a seguinte redação: “A outorga para fins industriais somente será concedida se a captação em cursos de água se fizer a jusante do ponto de lançamento dos efluentes líquidos da própria instalação, na forma da Constituição Estadual, em seu artigo 261, parágrafo 4º.”
  • Também o estado do Paraná, em sua Lei 8935/1989 determina que o lançamento de efluentes em mananciais em locais situados à montante do ponto de captação.
O objetivo maior das normas acima citadas é fazer do usuário da água o maior interessado na qualidade do efluente devolvido, transformando-o em fiscal dele mesmo.

Aparentemente isto não ocorre com o estado de São Paulo. Assim a empresa AES, em seu projeto da Termo São Paulo, em Canas, simplesmente optou por devolver a água usada ao Ribeirão Canas que deságua no Rio Paraíba cerca de dois quilômetros a jusante (abaixo) do ponto de captação. Penso que deveria ser o contrário: devolução acima da captação.

A água do Ribeirão Canas é usada na alimentação de bovinos e na irrigação de lavouras de arroz. O processo tradicionalmente usado nestas lavouras consiste na inundação dos tabuleiros onde os trabalhadores rurais costumam entrar descalços, sem proteções, permanecendo em contato direto com o efluente da termoelétrica.

Seguir as leis é obrigação de todos, o contrário, não seguir as leis, é crime. As leis foram elaboradas em momentos históricos passados, refletem as demandas da sociedade organizada de então. A preservação ambiental não pode ficar refém de épocas menos esclarecidas, é preciso mais do que apenas satisfazer as normas, é preciso garantir o futuro das gerações que ainda virão. Por isto a idéia de precaução, por isto a logística reversa, onde as empresas se responsabilizam por recolher seus produtos e embalagens após uso (pilhas, lâmpadas, baterias, pneus, garrafas plásticas, ...).

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Algumas heranças do governo anterior

A inflação é uma preocupação “imensa” do governo atual. Seria por irresponsabilidade do governo anterior?
A dívida interna federal era de R$ 0,623 trilhões em dezembro de 2002, agora é de R$ 1,690 trilhões. Um aumento de 171 %. E cresceu R$ 24 bilhões só em março/2011. Irresponsabilidade do governo anterior?
Há tempos foi anunciado que o Brasil já era auto-suficiente em petróleo, mas estamos importando gasolina e até álcool, este sonhamos vender para o mundo. Déficit da ordem de US$ 18 bilhões anuais, no ano 2000 era da ordem de US$ 3,2 bilhões. Além da mentira da auto-suficiência estamos importando mais derivados de petróleo que o próprio óleo bruto, estamos gerando empregos nas refinarias de lá. Irresponsabilidades do governo anterior?
O déficit anual na balança de turismo é da ordem de R$ 17 bilhões por ano, ou seja, exportamos turistas. Perdemos dinheiro.
Os cinco principais aeroportos brasileiros serão alugados por 20 anos numa tentativa atrasada de terminar as obras necessárias para recebermos a Copa do Mundo. Desde 2007 já sabíamos que a Copa seria aqui. Privatização petista às pressas.
O déficit nas transações correntes (total de todas contas com o exterior) será da ordem de US$ 60 bilhões, espera-se que seja coberto por investimentos estrangeiros. Gastamos mais que podemos com petróleo, turismo, juros, bugigangas eletrônicas, sapatos chineses, etc., e em troca vendemos parte de nosso patrimônio. O Brasil está à venda. Privatização internacional.
Em 2006 o então presidente anunciou que a saúde pública brasileira era quase que perfeita. Hoje, vemos o caos nos hospitais públicos, com diminuição de número de leitos, e nos assustamos com a dengue, uma epidemia mortífera.
            Agora, o presidente do Banco Central sugere à população para adiar gastos e o Ministro da Fazenda reconhece que a queda dos preços internacionais das commodities controlará a inflação, ou seja, a administração pública brasileira não sabe adiar seus próprios gastos nem controlar a inflação por seus próprios meios.
            Isto sim que é herança maldita.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Causas



(Imagens da Globo, Bandeirantes e do amigo Amarildo Sinigali)
Toda simplificação pode ser simples demais, toda unanimidade tende a ser burra, assim como toda generalização, esta inclusive.
É fato que os desmatamentos causam alterações climáticas, mas generalizar e considerar que toda alteração do clima seja devido ao desmatamento é uma simplificação falsa.
É sabido que o ar não se aquece pela passagem da luz solar através da atmosfera, mas sim em contato com algo mais denso.
O solo não protegido pela floresta, o cimento dos prédios, o asfalto e as rochas expostas absorvem o calor do sol e se aquecem, estes aquecem o ar. O ar quente é mais leve e sobe levando vapor d’água, empurrando para cima as nuvens mais leves. Somente as nuvens de chuva muito mais pesadas podem vencer a corrente ascendente de ar quente, resultando em chuvas muito mais fortes e muito mais intensas. Todo o processo de aquecimento global leva a isto: chuvas mais concentradas.
A região serrana do Rio de Janeiro (Teresópolis, Friburgo, ...) sofre influência do ar que vem do mar, vento leste-oeste, carregado de umidade e aquecido ao passar pela grande massa de concreto e asfalto formada pela área metropolitana da cidade do Rio. Ao subir a serra o ar se resfria, o vapor d’água tende a condensar e formar chuva. Por isso temos a exuberante floresta úmida típica da serra.
Mas, como vimos antes, só as nuvens muito mais pesadas vencem o vento quente de baixo para cima. Só as chuvas mais fortes de fato acontecem.
Na região serrana do Rio os deslizamentos de terra nas encostas dos morros nem sempre aconteceram em áreas desmatadas, as imagens acima mostram claramente deslizamentos se iniciando em áreas florestadas, algumas ocupadas por matas nativas ou primárias.
O desastre, a tragédia, a destruição de milhares de casas, a morte de mais de 800 pessoas e o desaparecimento de outras 400 ou 500, não tem causa única, não pode ser simplificado, é resultado da soma de causas diversas.
O desmatamento a 3.000 km de distância no Brasil-Central, a concentração do concreto/asfalto do Rio, a queima de combustíveis fósseis em todo o mundo, a ocupação dos fundos dos vales, a especulação imobiliária, a falta de fiscalização dos governos, a ocupação das encostas, as construções mal planejadas e mal executadas, o aquecimento global, a total inexistência neste país de defesa civil preventiva, a total falta de estrutura de socorro e de combate a emergências, a ignorância do povo simples que é obrigado a morar em terrenos mais baratos, a prepotência do povo rico que pensa que o poder basta para impedir os tais desastres naturais, a desonestidade intrínseca dos políticos brasileiros, ...
Tudo isto junto a outras causas não listadas talvez possam explicar a tragédia da região serrana do Rio em janeiro de 2011.
E aí sim, quem sabe um dia, sabedores das causas, tais desastres possam ser evitados ou pelo menos minorados.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Bernardo e Heckel

Não tive a honra de conhecer pessoalmente o alpinista Bernardo Collares Arantes, acidentado em 03.01.2011 no Fitz Roy, dificílima montanha da Patagônia argentina. Um dos mais, senão o mais importante montanhista brasileiro.
Bernardo e eu fomos “estrangeiros” no Rio, ele mineiro, eu goiano, ambos fomos guias do CEC – Clube Excursionista Carioca, ele nos anos 90, eu no início dos 70, ele fez várias conquistas no Rio, eu apenas duas. Trocávamos mensagens por email, depois pelo Orkut e mais tarde pelo Facebook. Muitíssimo mais hábil e experiente que eu, recebi dele várias orientações. Sempre simpático e solícito, era um prazer “conversar” com ele.
Escalar o Fitz Roy é tarefa árdua, que raríssimos esportistas estão aptos a tentar. São vias de 2.000 metros, verticais, em condições meteorológicas muitíssimo adversas. Por isto a impossibilidade de resgate em tempo hábil. Os próprios Bernardo e Kika já tentaram sem sucesso o Fitz outras vezes. É muito difícil subir até onde ele está.
Dentre os esportistas atuais Bernardo era puro, amador, escalava sem patrocínios, por prazer.

Em 25.06.2010 o alpinismo carioca perdeu outra de suas grandes figuras, Heckel Capucci Bastos, pioneiro do montanhismo, conquistador de grandes paredes no Rio e no Espírito Santo. Inquieto inventou, criou, projetou, fabricou o primeiro trike brasileiro, a primeira asa delta motorizada brasileira. Morreu a bordo de sua criação. Era instrutor de vôo e vendedor de seu invento. Caiu na praia, na Barra da Tijuca.
Heckel foi meu colega de engenharia na PUC-RJ, ele me iniciou no alpinismo, me levou ao CEC em Copacabana quando estava em curso a mais especial junção de alunos de escola de guias de montanha, eram as crianças, menores de idade, Rodolfo, Penacho, Rogério e Zé Carlos, criadores e revolucionários do esporte de montanha.

A vida nos impõe obstáculos e dificuldades, felizes são aqueles que não aceitam tais imposições e escolhem suas próprias dificuldades e desafios.
Dizia meu pai que “quem passou pela vida em brancas nuvens, foi espectro de homem, não foi homem, passou pela vida, não viveu.”

Bernardo e Heckel viveram intensamente.
Morreram fazendo ou tentando fazer aquilo que lhes dava mais emoção e prazer, escalando ou voando.
Nas alturas, perto do céu.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Espero estar errado

Torço para que a Presidente Dilma faça um ótimo governo.

Mas três fatos me deixam em dúvida:

- a manutenção do Min. Pedro Novais, acusado de desvio de R$ 2.156,00 com despesas de motel;

- a manutenção da Min. Ideli Salvati, acusada de desvio de R$ 4.606,68 com despesas de hotel;

- e a inclusão  da Ex-Min. Erenice Guerra, acusada de tráfico de influência, entre os Convidados Especiais na Cerimônia Oficial da Posse.

Parece que a Sra. Dilma será tolerante com a corrupção entre os companheiros.

Espero estar errado.