sábado, 1 de novembro de 2014

Água, Clima e Ecologia



Acredita-se que a disponibilidade de água influenciou a evolução da espécie humana. A Terra secou há quase 3 milhões de anos, a água ficou distante, o homem precisou atravessar grandes campos abertos para encontrá-la. Por isto teria desenvolvido o cérebro para lembrar os locais das aguadas, pernas longas e fortes para andar grandes distâncias, glândulas sudoríparas para resfriamento, etc.
Em Campinas, nos dias atuais, já se pensa em usar esgoto tratado para irrigação e outras finalidades. No futuro próximo talvez bebamos água retirada do esgoto.
Pesquisadores do Inpe acreditam que a destruição de 763.000 km2 de matas na Amazônia pode explicar a mudança climática atual no sudeste, centro-oeste e sul brasileiros. As árvores transferiam água em vapor para a atmosfera de onde viriam as chuvas daqui. Não basta parar de desmatar, seria preciso restaurar toda área de mata, o problema é que isto equivale a três vezes o estado de São Paulo inteiro.
Dias atrás escrevi algo sobre a estocagem de água no sistema Cantareira, de São Paulo. Retomo o tema com novas informações. Cantareira é um conjunto de represas interligadas por túneis e canais cuja principal função é abastecer de água a cidade de São Paulo. O sistema está em crise, quase seco.
No gráfico acima vê-se que a média histórica (84 anos entre 1930 e 2013) dos meses de janeiro é de 63.400 litros/segundo (quantidade de água que entra no sistema pelos rios e seus afluentes). No janeiro mais seco destes 84 anos entrou 24.500 l/seg. Em janeiro deste ano foram 14.300 l/seg, ou só 22 % da média. Todos os meses de 2014 foram mais secos que os mesmos meses mais secos de todos 84 anos. Outubro de 2014, um mês típico de início de chuvas, foi mais seco que julho de 2014, um mês típico de seca.
Em engenharia costuma-se usar os extremos, máximos ou mínimos históricos, como limites de garantia dos projetos. Mas 2014 suplantou todos limites de todos meses.
Seria esta uma mudança climática permanente? E irreversível?
Se for permanente qual o risco de São Paulo se tornar uma cidade fantasma?

Nenhum comentário: